Estou confortavelmente sentado no lounge da Qantas, check in feito e bagagem despachada, depois de ter helped myself (a língua inglesa tem de facto expressões fantásticas) de uma selecção de queijos e bolachas e do que será provavelmente o último exemplar do Sauvignon Blanc de Marlborough, a principal região produtora de vinhos da Nova Zelândia, que terei oportunidade de beber nos tempos mais próximos.
Sei que normalmente nunca bebo álcool antes do pôr do Sol, mas por um lado estou nos últimos minutos da minha presença em solo neozelandês, e por outro no fuso horário do meu destino, Lisboa, neste momento passa meia hora da meia noite, altura perfeitamente respeitável para se beber um bom copo de vinho.
Confesso que sempre gostei de aeroportos. Pode parecer estranho para quem não me conheça, mas muitos dos meus amigos já me ouviram a frase, que evito ir à Portela com outro fim que não seja embarcar no avião que me está destinado, porque a minha vontade é meter-me no primeiro avião que arranjar. Com um pouco de sorte e muito trabalho, talvez algum dia chegue a este ponto, de quando me der vontade apanhar um táxi, de trolley numa mão e cartão de crédito na outra, à procura do próximo sítio para visitar.
Mas a minha predilecção pelo moderno sucessor da grande gare ferroviária do Século XIX não tem só a ver com as possibilidades que me oferece. Esse é um aspecto que se restringe a Lisboa. O que me agrada é o ambiente, porque é a melhor representação da aldeia que, nalguns aspectos, este nosso planeta se tornou. Num grande aeroporto não há etnia ou origem dominante, e nos tempos de hoje o tom da pela ou as feições nada têm a ver com nacionalidade das pessoas com quem nos cruzamos.
O que é normal para uns é extrema falta de educação para outros, e vice-versa, e foi disso que me recordei a propósito de um detalhe: a placa que estava junto à farta mesa de comidas onde os convidados do lounge podem help themselves, avisando que a comida não pode ser retirada com as mãos, mas fazendo-o de forma a não ofender sensibilidades, dizendo que health regulations state that it cannot be done. Porque mesmo aqui neste recanto vip do aeroporto, não podemos assumir que toda a gente pensa da mesma forma que nós.
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