
Uma das formas de explicar a razão da existência deste blog é ir à raíz da palavra: blog é o diminutivo de Weblog, uma espécie de registo (log) ou diário de bordo em formato digital. Os ingleses, muito mais rigorosos, diriam (como recordou a senhora com quem me cruzei no Grand View de Lake Tekapo) que eu fiz um journal da minha viagem, embora a versão mais americanizada seja perfeitamente aceitável.
A razão primordial era preservar um registo que eu próprio pudesse consultar mais tarde, um auxiliar de memória que me permitisse recordar a viagem com a distância que só o tempo permite dar.
Também era uma forma de recuperar um hábito que me acompanha desde a infância, mas que deixei de exercer nos últimos anos, o de escrever pelo puro prazer da escrita, muitas vezes como uma forma diferente de pensar alto, deixando que a pena me transporte pelo caminho dos meus próprios pensamentos, sem objectivo definido à partida mas encontrando, na maioria das vezes, um caminho e um destino de chegada.
De início confesso que hesitei em partilhar o blog com alguém, porque a verdade é que desde sempre tive enorme renitência em partilhar o que escrevo, e a esmagadora maioria das palavras que pus no papel, com a excepção natural mas pontual das mensagens que escrevi com um destinatário em mente, foram apenas vistas pelos meus próprios olhos. Nunca hesitei em partilhar o que escrevi por medo da crítica, dado que feliz ou infelizmente o tamanho do meu ego sempre me pôs a salvo desse tipo de constrangimentos, mas porque para mim a escrita sempre foi um exercício íntimo, sem outro objectivo que não fosse a simples clarificação dos pensamentos dispersos que o meu espírito sempre alimentou.
Acabei no entanto por fazê-lo, e um exercício de auto-recreação converteu-se numa brincadeira partilhada com os meus amigos. Se nunca escrevi para eles, nem foi o facto de haver mais alguém a ler que me motivou a escrever, ou me senti sequer condicionado por quem podia eventualmente estar a ler o blog (se fosse o caso teria feito 'posts' mais adequados ao nível de atenção médio de quem lê algo no écran), não posso negar que foi agradável saber que os que me são próximos partilharam comigo o que sucedeu na minha viagem, nalguns casos consultando o blog com regularidade.
Sei que provavelmente isto ficará muito tempo preservado num qualquer arquivo virtual, na gigantesca server farm do Google, empresa de quem o Blogger é propriedade. Não sei por quanto tempo resistirá a uma eventual limpeza de servidores, mas até aí servirá o seu objectivo inicial, de ser um registo que me permita rever as memórias que armazenei nestes vinte e seis dias, a mais prolongada viagem que já fiz, e a primeira em que embarquei sozinho. Será, repito, um óptimo instrumento para rever as minhas memórias, porque mesmo quem um dia o Google decida eliminar esta página, tenho a certeza absoluta que permancerá gravada de forma clara na minha memória, o resto dos meus dias.
Nota final: um blog deve ser lido pela ordem cronológica em que foi escrito, ou seja, começando pelo final desta página (todas as entradas estão numa única página) e subindo até chegar aqui.
Quem esteja a ler isto pela primeira vez deve agora ir até ao final, até há entradas com referências a 'posts' anteriores, pelo que a ordem de leitura não é, apesar de tudo, irrelevante.
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