terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Informações (quase) completamente inúteis

O facto de ter vindo para esta viagem sozinho, independentemente de algumas pequenas desvantagens (não poder cutucar o cotovelo de alguém quando vejo uma miúda gira, ou discutir os resultados do futebol) tem-me permitido apreciar as coisas com um pouco mais de profundidade, dado que utilizo para investigação e observação do que me rodeia o tempo que gastaria com conversas, que na sua maioria poderiam ocorrer em Lisboa, com um eventual companheiro de viagem.

Nesta semana que levo de Nova Zelândia já consegui recolher algumas informações, umas importantes para perceber o que é este País, outras (a maioria) inúteis, que aproveito para transmitir:

* Há, pelo menos em Auckland, tantas mulheres como homens a guiar táxis. Este foi o primeiro país do mundo a dar (em 1893) o direito de voto às mulheres. Um homem tem que ser taxista para ir sempre pelo caminho mais longo, numa mulher é uma qualidade inata, pelo que nada mais natural que pô-las ao volante de um táxi.

* Os pacotes de açucar têm menos açucar em Portugal. Lá têm 7/8 gramas, aqui não devem ter mais que 5, se tanto. Ou seja, ou usamos dois pacotes e pomos açucar a mais ou emagrecemos.

* Há café expresso (espresso, para ser rigoroso) em quase todo o lado, tal como misteriosamente os gelados na Austrália são apresentados como genuine gelatto. Deve haver uma relação.

* Na imprensa é dado mais destaque à escolha do próximo treinador dos All Blacks do que do que ao primeiro ministro. Os dois pretendentes (o actual treinador e um outro) tiveram 30 minutos para argumentar junto da Federação Neozelandesa de Rugby porque deviam ser escolhidos. Ao contrário do habitual, apesar de ter perdido o campeonato do mundo o treinador actual conseguiu aguentar-se. O candidato preterido foi filmado hoje, com um ar pesaroso de quem perdeu uma final, a meter-se no avião para ir à Austrália negociar o prémio de consolação (treinar a selecção australiana de rugby).

* Não há predadores terrrestres autóctones na Nova Zelândia, pelo que os pássaros eram maiores que em qualquer outra parte do Mundo. Quase todos foram extintos: os Maori caçaram até à extinção o Moa, o maior pássaro terrestre do planeta, que chegava a ter 3 metros de altura. Menos sorte ainda teve o Huia, um passaroco que tinha uma belíssima pena de cauda. No final do Século XIX no regresso de uma visita à Nova Zelândia o então Duque de York levou uma dessas penas no chapéu, lançou a moda em Londres, os ingleses enfeitaram furiosamente os seus chapéus e em poucos anos extinguiram a espécie.

* 80 por cento da flora é autóctone. Deve ser por isso que eu nunca vi pinheiros tão altos na minha vida (chegam a ter uns 30 metros ou mais). É porque se calhar não são pinheiros...

* Em Os Maori assinaram um tratado que cedeu parte da soberania das ilhas aos colonizadores, em troca de consagração de alguns dos seus direitos. Que parte e que direitos é que não se sabe muito bem, porque ainda hoje não há acordo quanto à tradução...

* Tirando os Maoris, a Nova Zelândia é uma sociedade bastante igualitária. Resultado: o parque automóvel parece o de Portugal nos anos 80, se trocarmos os Fiats e Renaults por carros japoneses e coreanos. Em cinco dias só vi um Audi, 2 Range Rovers e um jipe Mercedes. De resto tudo carros japoneses com 10 anos ou mais. Quando comentei casualmente, com o porteiro de um hotel de luxo onde estava, que o carro que estou a usar é a coisa mais feia que já guiei, a resposta veio certeira: what's important is that it takes you from point A to point B, ain't it sir?

* Todos os turistas deste País são, por esta ordem, japoneses, chineses e coreanos, para além de mim e de quinze australianos.

* Os neozelandeses apoiam de alma e coração não uma, mas duas equipas de Rugby: The All Blacks and anyone playing Australia

* O Kiwi, nome porque são conhecidos os neozelandeses, não é (só) um fruto. É um pássaro.

* Há cidades que têm gondolas. Não, não são a remos. São teleféricos.

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